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Educação antirracista: como praticamos o Letramento Racial na Casa Escola

Em um dos seus tantos trabalhos inspiradores, a professora e filósofa Angela Davis afirmou que “numa sociedade racista, não basta não ser racista; é necessário ser antirracista”. E trazendo essa reflexão para o contexto educacional, entendemos que não é suficiente apenas ensinar sobre o processo histórico de desigualdades baseadas na raça; o nosso papel, enquanto instituição de ensino, é praticar uma educação verdadeiramente antirracista.

Por isso, aqui na Casa Escola, o letramento racial transcende o compromisso com as diretrizes legais; envolve preparar os nossos alunos e educadores para que reconheçam e desafiem o racismo estrutural em suas diversas expressões. Isso inclui, por exemplo, ensinar sobre a história e cultura de diferentes grupos étnico-raciais, identificar manifestações – muitas vezes sutis – de racismo e promover uma cultura de respeito e igualdade.

Práticas que, segundo a diretora Priscila Griner, acompanham a Casa Escola há mais de 40 anos. “Desde a nossa fundação, temos esse olhar para a inclusão e a diversidade. Faz parte da nossa identidade. Mas o letramento racial, tal como conhecemos hoje, nos convoca a empenhar um esforço ativo no sentido de repensar posturas e trazer para dentro do nosso currículo práticas que promovam a consciência racial”.

Ou seja, enquanto o simples reconhecimento de que o racismo existe pode ser o primeiro passo para enfrentá-lo, o letramento racial vai além. Em nossa abordagem, buscamos educar os nossos alunos para que possam detectar, criticar e desconstruir atitudes e estruturas racistas. E, para isso, é necessário compreender as dinâmicas de poder e privilégio associadas às identidades raciais, os estereótipos e preconceitos.

Um compromisso que, aliás, se materializa em diversas iniciativas. Uma delas foi a introdução da Capoeira no currículo dos alunos de 4 a 6 anos. “O meu trabalho é mostrar para as crianças que não se trata apenas de uma luta ou uma brincadeira. E é nessa interação que eu consigo passar um pouco da minha cultura”, destaca o Mestre Fumaça, do Quilombo Capoeiras, responsável pelo ensino da modalidade na Casa Escola.

Além disso, como explica Priscila Griner, a Casa Escola está revisando sua literatura e acervo para garantir que ela contemple a diversidade étnico-racial do nosso povo. “Queremos que a presença de autores, pensadores, ilustradores e personagens de diferentes etnias seja normalizada na rotina das crianças”. É o caso do Ubuntu, uma filosofia de origem africana que se traduz em “eu sou porque tu és” e que é o tema da escola em 2024.

Para Jéssica Freire, professora do G5, são ações que incentivam alunos e equipe pedagógica a olharem para suas relações sob outros pontos de vista. “A escola também tem se preocupado em proporcionar formações para os professores, como o encontro que tivemos com a professora Bárbara Rainara, do NEI, para conversarmos sobre Educação para Relações Étnico-Raciais, pensando em formas de ampliar o nosso repertório”, relembra.

Já a professora de História, Sabrina Pereira, reforça a importância de desconstruir estereótipos e reconhecer a diversidade em sua complexidade, o que é essencial para uma educação que busca a equidade e o respeito à dignidade de todos. “Desta forma, conseguimos reeducar, identificar e reconhecer atitudes racistas que permeiam a nossa sociedade,” diz Sabrina. Ela enfatiza que o letramento racial não deve ser uma iniciativa isolada, mas uma prática contínua. 

“Precisamos incluir, em nossa rotina, referências positivas das culturas afrodescendentes e indígenas, indo além das narrativas de sofrimento e opressão. Além disso, é fundamental reconhecer a ‘branquitude’ e os privilégios associados a ela como parte da educação antirracista. Uma prática que não deve se limitar ao ambiente escolar, mas preparar os alunos para serem agentes antirracistas em suas vidas cotidianas”, conclui.

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