Na Casa Escola, aprendemos diariamente que a educação vai além das salas de aula. Educação envolve compreender e agir diante das diversas realidades sociais que nos cercam. E mais do que arrecadar itens fundamentais e garantir um pouco mais de dignidade para mulheres em situação de privação de liberdade, nossa campanha alusiva ao Dia Internacional da Mulher foi um grande exercício coletivo de empatia e solidariedade.
Com apoio das famílias, amigos e parceiros, conseguimos arrecadar e doar centenas de produtos de higiene pessoal e limpeza para 147 internas do Complexo Penal Dr. João Chaves, na Zona Norte de Natal. “Por outro lado, foi uma oportunidade de nos colocarmos no lugar do outro, de reconhecermos nossa responsabilidade como cidadãos em contribuir para um mundo mais justo, humano e inclusivo”, como explica a nossa diretora Priscila Griner.
Além de nos lembrar da importância de reconhecer a humanidade em cada pessoa, independentemente de sua situação ou contexto, iniciativas como essa fortalecem os nossos laços enquanto comunidade e nos inspiram a continuar buscando maneiras de fazer a diferença. Por tudo isso, queremos compartilhar algumas reflexões e, sobretudo, agradecer por cada gesto de generosidade e confiança.
Tudo começou de uma inquietação ao reconhecer que o 8 de Março é um dia de luta e reflexão. “Sentimos a necessidade de ir além, porque os gestos simbólicos que geralmente marcam essa data não alcançam todas as mulheres. Muitas, aliás, em diferentes contextos, permanecem invisíveis para a sociedade. Foi essa inquietação que nos mobilizou, afinal, os incômodos são importantes, não é mesmo?”, relembra Priscila.
E quando pensamos em invisibilidade, as mulheres em situação de privação de liberdade estão na base da pirâmide social, em situação de extrema vulnerabilidade. “Predominantemente, são mulheres com baixa ou nenhuma escolaridade, muitas vítimas de abusos na própria família, que tiveram contato com a criminalidade desde muito jovens”, pontua a diretora da unidade prisional, Rafaela Moura.
E não é pouca gente. De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de países com a maior população feminina encarcerada. Os números mais atualizados, de 2022, apontam que são 42.694 mulheres, sendo 63,5% negras, 47,3% jovens e 51,9% que possuem o Ensino Fundamental incompleto. Só na João Chaves, são 147, algumas delas, inclusive, com seus bebês.
“Dar visibilidade a uma instituição carcerária foi um ato ousado da Casa Escola, considerando que escola é um lugar de convívio de pessoas que pensam de modos diferentes e têm culturas distintas. Contudo, tomamos esta iniciativa compreendendo que todo sujeito merece dignidade e reconhecendo a importância de enfrentar as realidades difíceis e agir em prol daqueles que, muitas vezes, são esquecidos pela sociedade”, enfatiza nossa diretora, Priscila Griner.
Essa experiência reafirmou o nosso compromisso com uma educação verdadeiramente transformadora que não se limita apenas aos conteúdos escolares, mas se estende a outros saberes que podem promover mudanças reais em nossa comunidade e ir além. Por isso, agradecemos profundamente pelo engajamento da nossa equipe pedagógica, famílias, amigos e parceiros.
Juntos, seguiremos educando para o mundo. E é isso que faz da Casa Escola, verdadeiramente, um lugar de “Aprendizado em cada detalhe da vida”.
#TáNaMídia
Nossa campanha solidária, ousada e inovadora, foi destaque em diversos veículos de comunicação de Natal. Nessas ocasiões, tivemos a chance de reafirmar valores fundamentais para a Casa Escola e dar visibilidade às mulheres em situação de privação de liberdade. Confira, abaixo, o momento da entrega das doações, no pavilhão feminino do Complexo Penal Dr. João Chaves: