“Professora, agora eu tenho orgulho de ser soteropolitana.” – O depoimento de Ayla (5º ano vespertino), após descobrir o Olodum e se encantar com a sonoridade da música afro-brasileira, exemplifica bem a importância de atividades pedagógicas que resgatem a nossa identidade cultural. Assim como ela, o Ensino Fundamental da tarde mergulhou nas raízes da Música Popular Brasileira (MPB) para entender as origens do Carnaval.
Do pandeiro à guitarra baiana, do coco ao axé, dos blocos de rua à exuberância das escolas de samba, diversos são os ritmos e manifestações que caracterizam a nossa brasilidade. Já pensou em estudar sobre o Papangu? E se encantar com a biografia de Chiquinha Gonzaga? Analisar o samba “Pelo telefone”, de Donga, e descobrir referências em Gilberto Gil?
Pois bem. O Carnaval é um excelente abre alas para se conhecer o Brasil, e aqui na Casa Escola não poderia ser diferente. Em consonância com o tema anual e com o propósito de oferecer uma educação verdadeiramente transformadora, nossos alunos foram desafiados a questionar, refletir e dialogar, enriquecendo seu conhecimento histórico e desenvolvendo uma compreensão aprofundada sobre esse continente que chamamos “casa”.
Para a nossa diretora, Priscila Griner, “o ser humano se tornou humano porque inaugurou a cultura”. Isto é, “a cultura está em todo lugar, em casa, na família, no trabalho, na rua e se manifesta de formas diversas”. Muitas escolas, no entanto, acabaram deixando de lado esse aspecto fundamental da formação do indivíduo. “Uma pena. Cultura é patrimônio e precisa ser explorada, preservada e amada. Cultura é a base da identidade”, diz.
Com estes princípios, nosso 5º ano vespertino se aventurou pelos caminhos da MPB, começando com Jackson do Pandeiro. Sob a orientação dedicada da professora Rafaella Moura, os alunos exploraram a vida e a obra desse ícone da música brasileira, entendendo sua importância e influência para o cenário musical do nosso país. Através da música “Chiclete com Banana”, descobriram os significados por trás da letra e das melodias.
Eu só boto bebop no meu samba quando Tio Sam tocar um tamborim Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba Quando ele aprender que o samba não é rumba Aí eu vou misturar Miami com Copacabana Chiclete eu misturo com banana E o meu samba vai ficar assim
“O que é o bebop? Por que chiclete com banana? Quem é o Tio Sam?” – foram algumas das questões respondidas pela turma.
Segundo a professora Rafaella, entender essas conexões foi importante para que os alunos pudessem materializar a ideia de aculturação por meio de Jackson do Pandeiro, uma pessoa de origem negra e humilde que influenciou significativamente o que chamamos hoje de música brasileira. “Como o nome dele já diz, é do batuque que ele vem”, destaca a docente, que pontua outros objetivos alcançados pela atividade:
- Responder a questionamentos sobre o Carnaval partindo das suas experiências e conhecimento prévio;
- Dialogar sobre a temática com a professora e amigos de sala;
- Compreender a biografia de Jackson do Pandeiro e por que é considerado o maior ritmista do Brasil.
A partir de Jackson do Pandeiro, foi possível abordar a influência africana na música brasileira e conhecer movimentos como o Olodum. “Na busca pelo batuque, toda esta pesquisa de início de ano foi cair nas ladeiras de Salvador e seus grandes tambores, fazendo a amarra da origem preta do paraibano Jackson do Pandeiro com a negritude da Bahia, evidenciando, assim, uma África que está dentro de nós”, finaliza a diretora Priscila Griner.
Carnaval da Casa Escola
Da sala de aula para as ruas, foi a vez do Bloco da Casa Escola, que percorreu o Conjunto Parque das Colinas para celebrar essa que é a festa mais brasileira de todas. Alunos, pais e professores acompanharam o cortejo, animados por marchinhas carnavalescas, guloseimas e adereços. Já no baile da escola, nossos alunos desfilaram criatividade e disposição para mais um dia de folia. Nota 10 para a animação!