Como ajudar os filhos a lidar com as emoções?

Como ajudar os filhos a lidar com as emoções?

Como ajudar aos filhos a construir uma vida emocional saudável? Esta é uma pergunta que causa dúvidas em muitos pais, preocupados, especialmente, com os altos índices de transtornos emocionais que surgem cada vez mais cedo.

A rotina estressante (ou falta de rotina), em conjunto, com o uso excessivo da tecnologia, tem afetado seriamente a saúde emocional e mental da população, e consequentemente das crianças também.

Portanto, o primeiro desafio é entender que, para o desenvolvimento emocional, são necessários hábitos e práticas que comecem ainda na infância. Neste contexto, o ambiente de relacionamento dos filhos (família e escola) é um dos elementos determinantes para que este processo seja bem-sucedido.

Exigir que a criança pare de chorar e tentar amenizar a situação sem considerar a aflição que a perturba, mesmo que ela queira o impossível, não é o caminho que vai ajudá-la a lidar bem com suas emoções no futuro.

Acolher os sentimentos “indesejáveis” da criança não é sinônimo de mimá-la e mimar não é o mesmo que amar. Não se trata de agradar a criança em todas as circunstâncias, isso é diferente de ter que atender à necessidade do filho. Estamos falando em respeitar as fases de desenvolvimento da criança, o seu modo imaturo de ver o mundo, sem precisar agredi-lo.

No desencadear das ideias, vamos falar sobre como é possível ajudar à criança a lidar com as emoções, e também orientar e dar e dicas básicas para a educação emocional dos filhos.

Desenvolvimento infantil: a importância das emoções

A identificação dos sentimentos (tristeza, alegria, raiva, frustração…) não é algo inerente ao ser humano. Por isso, tão importante quanto conduzir o filho no aprendizado alimentar, passando do leite aos alimentos sólidos, é necessária a educação emocional como parte da formação da criança.

Por que eu choro quando brigam comigo? Por que eu sorrio quando me elogiam? Entender que a criança ainda não é um ser maduro e está em desenvolvimento, respeitá-la e não fazer de tudo um drama ao lidar com suas birras e choros faz com que a criança tenha mais conhecimento de si mesma.

O tom de voz, a reação do adulto mediante o descontrole da criança; o modo de cuidar da situação e de colocar o limite faz toda a diferença no desenvolvimento emocional da criança. Atitudes externas à criança como um abraço, um tom de voz meigo, um olhar mais próximo podem legitimar a birra, pois criança é criança, mas isso não quer dizer que o limite não deva ocorrer.

Na hora do choro, há lugar para compreensão, diálogo, escolhas dentro das opções ofertadas e, também, para o “não” firme, porém sem raiva, sempre quando for preciso. Firmeza não é perda de controle de si por parte do adulto, é um “não” aliado a uma atitude – palavra e ato – o que faz o limite acontecer.

Conversar sobre o ocorrido e, principalmente, escutar a criança é outro fator de grande valia quando o que visamos é uma criança mais equilibrada frente às suas emoções.

Compreender a criança durante o desarranjo comportamental é um exercício, não vem por decreto, mas sua prática vai tornar o adulto mais tolerante e hábil para lidar com a criança sem ser agressivo.

Consequentemente, vai gerar maior controle emocional na criança e, possivelmente, a construção de uma vida adulta mais equilibrada – que sabe identificar e lidar com as suas próprias emoções e as dos outros, sendo capaz de se adequar às diferentes situações.

Contudo, este desenvolvimento emotivo deve ser adequado à realidade e necessidades do filho, cada criança é uma criança.  Por isso é preciso compreender a forma como a criança percebe o mundo e experimenta suas emoções sem passar por cima delas.

Qual o melhor período para a educação emocional?

Antes de tudo, é importante entender que as emoções se desenvolvem ao longo de todo o ciclo da vida e que uma pessoa, da infância à velhice, está em constante aprendizado.

Porém, muitos estudos indicam que é possível educar as crianças a lidar com as emoções próximo aos dois anos de idade, na fase da primeira infância. E, o mais importante, é que essa educação, neste período, terá impacto futuro.

Anterior a esta fase, o comportamento do adulto também incide sobre o da criança, é lógico. O medo e a ansiedade em excesso,  dos pais ou de quem cuida, trazem consequências do modo de ser da criança desde muito cedo, antes mesmo de ela apresentar fala e saber se expressar com maior propriedade.

Na fase da primeira infância, que segue até os seis anos de idade, é quando o cérebro mais se desenvolve em termos estruturais. É o período mais rico para o aprendizado. E, nesta etapa, o principal modelo e guia para as crianças são seus pais, uma vez que elas aprendem por observação e por meio da relação.

O que os pais podem fazer para o desenvolvimento emotivo?

Desde cedo, as crianças conseguem estabelecer vínculos afetivos, dar e receber carinho, afeto, e também são capazes de identificar novos sentimentos e reações – por exemplo, conseguem perceber quando os pais ficam aborrecidos, tristes e costumam reproduzir essas reações.

Como os pais são as primeiras referências para a criança, há ações práticas que podem e devem ser feitas para ajudar na construção da saúde emocional dos seus filhos:

1 – Seja autêntico

Esta é a mais importante e mais difícil orientação. Nos primeiros anos de vida, como já falamos, as ações dos pais são a referência dos filhos, que tendem a imitá-los. Por isso, para a formação de uma criança saudável é extremamente necessário que ela viva em um ambiente em que as coisas são claras e expressas de forma que seja possível a criança compreender dentro de suas possibilidades. .

2 – Saiba como olhar

Uma das melhores formas de transmitir carinho e segurança para uma criança é por meio do olhar que aprova as ações da criança e confirma sua importância. Esta pequena atitude proporcionará a formação de vínculos mais fortes e seguros, é a base para a construção da autoestima saudável.

Uma troca de olhares seguros e carinhosos enquanto se alimentam, olhar nos olhos enquanto a criança procura expressar uma mensagem, ou até aquela piscadela de ‘parabenização’ podem fazer um efeito surpreendente na vida da criança. Estas atitudes geram um clima de parceria e tornam a criança mais encorajada diante das dificuldades.

3 – Incentive a independência

A autonomia em suas atividades dá às crianças segurança e as torna mais fortes. É importante estar junto na execução das suas tarefas e não fazer por elas. Mais importante ainda é mostrar que elas podem fazer sozinhas. Desta forma, entenderão que são capazes de superar os obstáculos na vida com firmeza e confiança. Não tem preço, ante um desafio superado, o grito de “Eu consegui!”.

4 – Fale sobre os sentimentos

Como as crianças estão em uma fase de descoberta de suas emoções, é aconselhável que, ao manifestar algum sentimento diferente, os pais conversem com os filhos explicando o que eles estão sentindo. Ou seja, mostrando o que é aquele sentimento e já buscando com ela o caminho para outro tipo de reação caso seja preciso.

A ideia é que eles aprendam a identificar emoções como alegria, tristeza, raiva, frustração. Isso é possível com uma conversa no momento da manifestação do sentimento, ou por meio de jogos, brincadeiras, leituras.

Por exemplo: em um momento de “fúria” o pai, ou mãe, pode falar: “você está irritado, eu compreendo. O que pode ser feito agora? Você pode ajudar, estou aqui para lhe apoiar”. ”Vamos encontrar uma solução para isso quando houver mais tempo para pensar, mas agora agora não posso fazer o que você quer”.

Ou, diante daquele choro de sono, a mãe pode conversar: “Já passou a hora de dormir, vamos ver juntos o que vai tornar seu sono confortável e gostoso”. Acalmar a criança e passar para ela a segurança de que você está próximo e atento pode tranquilizar e deixar o sono chegar com menos animosidade.

Filmes e brincadeiras para auxiliar no desenvolvimento infantil

Cena do filme divertidamente

Muitas vezes, os pais têm a consciência da necessidade da educação emocional, mas não sabem o que fazer. Ou já adotam algumas práticas, mas querem cercar os filhos com novas atividades que os ajudem neste progresso.

Uma boa dica é investir em brincadeiras e filmes que trabalhem as emoções. Enquanto os pequenos se divertem com as belas histórias, também podem reconhecer a exemplo dos personagens que, geralmente, abordam este tema de forma lúdica e de fácil entendimento.

Segue uma lista com brincadeiras, desenhos e filmes que abordam o assunto sobre as emoções.

Filmes

Divertidamente

Este é, sem dúvida, um dos melhores filmes para trabalhar o emocional das crianças, justamente porque os personagens principais são emoções: alegria, tristeza, nojinho, medo e raiva. Por meio de cada um, os pequenos poderão identificar e perceber as ações e importância de cada uma das emoções.

Up – Altas aventuras

Esta produção pode envolver toda a família. As lembranças e emoções do tempo vivido norteiam toda a história. Por fim, chegando à uma transformação de conceitos através da relação social entre os dois principais personagens: Carl Fredricksen e o menino Russel. Sem dúvida, é um filme com as emoções expostas de forma intensa e que podem colaborar muito neste processo.

Wall-E

Um pequeno robô de limpeza solitário habitando a Terra devastada. Este é Wall-E, protagonista do filme. Em dado momento, ele encontra e se apaixona por Eva, um robô de última geração que estava em visita à Terra em busca de indícios de vida vegetal no planeta.

A expressão das emoções e comunicação entre os robôs, de forma não verbal, é algo que chama atenção e provoca muitos ensinamentos. Assim como a necessidade de relação social entre os seres humanos, que neste filme, é despertada por um robô. Curioso, não? Vale a pena conferir esta produção também.

Brincadeiras

Que expressão é essa?

Basta um espelho, papel e lápis de cor na mão para brincar. Leve a criança à frente do espelho e peça para ela fazer algumas expressões, como, alegria, tristeza, raiva, calma, ansiedade. Depois de observar, peça para desenhar as que mais gostou de fazer, ou as que achou mais difícil. Aproveite este tempo para conversar.

Brincar de mimica

Tem duas formas de fazer este jogo. O primeiro pode ser o sorteio de algumas emoções e os pais e as crianças se intercalam em fazer a mímica para o outro acertar. Outra maneira é realizar uma ação que envolve uma emoção. Por exemplo, “recebendo um presente”, “fazendo um gol no jogo de futebol”, “saindo da lanchonete e o sorvete caindo no chão”.

Conclusão

Reprimir as emoções não ajuda a criança a crescer de maneira madura e a saber a lidar com suas emoções. É preciso aceitar que menino chora e que a raiva pode coexistir com o amor por um momento. Ajudar a criança a reconhecer as suas emoções é saber respeitá-la,

Agora, não pense que isso é fácil de se conseguir, não há um caminho certo para trilhar quando falamos em educar. Mesmo que errando, vale a pena tentar.

Você identificou alguns acertos, ou erros, ao lidar com seu filho ou filha?

Assim como foi esclarecedor para você, pode ser para outros pais também. Então, que tal compartilhar este texto nas suas redes sociais e ajudar outras famílias a iniciar ou incrementar o desenvolvimento emocional de seus filhos?

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