Especialista esclarece que ao falar sobre a morte com a criança, é importante apresentar a verdade, por meio de uma linguagem simples, clara e direta.
No cenário atual, com a pandemia de Covid-19, tem sido difícil não se falar sobre o assunto da morte. Seja pela atualização de casos e falecimentos pela doença anunciados diariamente nos meios de comunicação, ou até mesmo com situações de perda de familiares e amigos. Neste contexto estão as crianças, que ouvem, observam e também passam pelo processo de luto. Muitas vezes, os pais têm dificuldade para tratar do tema com os filhos, devido à complexidade do assunto e emoções envolvidas.
A roda de conversa contou com a mediação da psicóloga da Casa Escola, Juliana Guedes. A partir da apresentação de uma história infantil em desenho animado sobre uma menina que perde seu passarinho, e com os depoimentos pessoais dos alunos, eles também conversaram sobre o que entendiam a respeito da morte. Viram também o que é possível fazer depois de uma perda, como procurar alguém de confiança para falar sobre o que sentem, ver fotos e vídeos para manter a memória e as boas lembranças.
“Muitas vezes, o primeiro contato que a criança tem com a morte é através dos animais de estimação”, comenta a psicóloga que abordou o assunto com as crianças de maneira leve, e ressaltou a participação natural delas. “Falar sobre a morte é necessário, pois faz parte da vida e também porque deixar de falar sobre o assunto não ajuda a proteger. Na verdade, não falar pode deixar a criança solitária e perdida em fantasias”, explica a profissional.
Juliana também esclarece que ao falar sobre a morte com a criança, é importante apresentar a verdade, por meio de uma linguagem simples, clara e direta, evitando metáforas, como “foi viajar”, “virou uma estrelinha”. Um exemplo do que seria uma linguagem direta mas com acolhimento, é dizer “vovô morreu e não volta mais”. Mesmo que a criança ainda não consiga compreender, pela idade, que a morte é irreversível, explica a psicóloga.
“Mas com o tempo, ao longo do desenvolvimento cognitivo, ela vai conseguindo compreender esse componente, assim como outros. É importante também não entrar em detalhes, falar o que é essencial, e um bom termômetro para isso é ouvir o que a criança quer saber”, destaca.
Juliana ressalta ainda a importância dos pais e adultos que são referência para a criança sempre abrirem um espaço para que ela possa falar, lembrar e perguntar. “Autorize a expressão das emoções e valide-as, com respeito, sem julgamento”, sintetiza.
Fonte: Agora RN →