Algumas escolas preocupam-se, cada vez mais, com a implementação e manutenção de canais efetivos entre os setores de gestão e os estudantes. Especialistas acreditam que os alunos, quando escutados, se sentem participativos e passam a apresentar melhor rendimento. O Instituto Educacional Casa Escola, em Candelária, por exemplo, além do estímulo ao diálogo horizontal e contínuo entre todos os níveis da comunidade escolar, promove desde 2007 a Assembleia Escolar, um espaço de debates e deliberações que acontece semanalmente com as turmas de 6° ao 9° ano.
“Tomamos como responsabilidade a manutenção do diálogo, não apenas para ouvir questões que incomodam aos alunos no ambiente escolar, mas como local de reflexão sobre aspectos gerais do cotidiano e do convívio na escola. O aluno gosta de sentir que sua opinião importa para seus colegas, professores e a instituição em que estuda”, comenta Rafaele Sabrina Barbosa, professora de História e também responsável pelo grêmio, cujas funções incluem coordenar a Assembleia da Casa Escola.
Os alunos levam as mais diversas reclamações, como o mau funcionamento de um bebedouro ou de um relógio de parede, alerta sobre a quantidade excessiva de tarefas e críticas à escolha das músicas da calourada preparada pelo grupo de eventos. Por outro lado, podem sugerir lanches à nutricionista, entender o motivo do aumento do valor do lanche com o Administrativo, ou falar sobre a conscientização do uso da água ou energia na escola. “A assembleia é uma oportunidade para os estudantes debaterem e chegarem a um acordo sobre a melhor forma de resolver os problemas da escola. Sentimos que somos escutados, pois todas as opiniões são levadas, pelos professores, à direção da escola”, comenta Amália Lohss, aluna do 7° ano.
Os alunos da Casa Escola são divididos por Grupos de Responsabilidade (biblioteca, audiovisual, comunicação, meio ambiente, jogos, parques e eventos) que pensam as questões da escola. A regra é abrir espaço para se falar dos problemas e buscar soluções em conjunto. As atas das reuniões são redigidas sempre por um aluno de um dos grupos e são compartilhadas com a direção e administração da escola – uma forma de desburocratizar a comunicação.
Outro recurso de diálogo formal é o Conselho de Classe, que ocorre no Ensino Fundamental I desde o 2° ano, onde os alunos discutem questões inerentes à sua turma. A pauta de discussão é conduzida por um presidente e secretário eleitos entre os alunos e o registro é feito no caderno do Conselho, que acompanha a turma durante os oito anos do Ensino Fundamental. Na Educação Infantil, esses momentos também acontecem e recebem o nome de “Roda de Conversa”, local de diálogo para a construção do juízo moral e ético para as crianças.
“O recomendado é sempre escutar o aluno e não deixá-lo sem uma resposta, mesmo que não seja definitiva ou que não seja aquela esperada no momento”, aponta Priscila Griner, diretora da escola. Ela avalia que é possível manter o aluno acolhido por meio do diálogo e evitar que críticas, por vezes sem fundamentos, tomem o lugar da compreensão. Para ela, é fundamental ouvir o aluno com real interesse e atribuir relevância ao que ele tem a dizer. “Assim, eles podem somar uns com os outros”, complementa. Para Aline Lara, 13, aluna do 8° ano, é através da Assembleia que a administração e a direção da escola conseguem ter acesso ao ponto de vista dos alunos, já que é um espaço onde o grupo reivindica melhorias e dá sugestões. “Foi a partir da Assembleia que surgiu o Cinecurta, que é mais um momento de entretenimento nos intervalos de aula, durante o qual os alunos podem assistir a vários curtas-metragens que retratam vários conteúdos”, complementa.
Fonte: Tribuna do Norte →