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Vernissage: uma jornada pela arte e cultura indígena

Por uma noite, vimos a arte adiando o fim do mundo, pelo menos para quem esteve no Vernissage da Casa Escola deste ano. Pois pareceu a quem estava presente, que o tempo parou enquanto todos se deslumbravam com as apresentações artísticas e criativas obras de artes produzidas pelos alunos da escola orientadas pela professora de Artes Darliany Quirino e equipe pedagógica.

Neste ano, em que temos como tema geral as ODS da ONU, o Vernissage intitulado “Arte para adiar o fim do mundo” fez uma referência direta às críticas formuladas por Ailton Krenak em seu livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, o qual todos os alunos do Fundamental 2 e equipe de professores leram. 

De origem indígena, o autor expõe que se desejarmos melhorar o mundo, precisamos mudar a forma como o vemos e vivemos nele, deixando de lado as maneiras hierárquicas consolidadas pelo consumo. Os povos indígenas têm uma maneira especial de se conectar com a natureza, uma experiência muito própria, muitas vezes desconhecida pela maioria das pessoas.

Esse olhar diferenciado sobre o mundo foi exposto nas obras originais e releituras produzidas por nossos alunos, construídas com os materiais mais diversos. Ao adentrar a exposição, os participantes foram levados a uma jornada de descobertas, se conectando a culturas ancestrais, à medida que recebiam informações sobre o respeito, preservação e o amor pela nossa casa comum que é a Terra. 

Tivemos xilogravura, cordel, lambe-lambe, estandarte, fotoperformance, instalação. Foi trabalhada a releitura de obras variadas, como pinturas de Jaider Esbell (artista indígena brasileiro), as ilustrações de livros da literatura infantil indígena e criações de grafismos, além da recriação de obras tridimensionais, como uma cobra gigante.

Vamos saber mais sobre o olhar dos nossos artistas a respeito do que exploraram até acontecer a exposição?

Nossos artistas

Túlio Brito, do 5° ano matutino, com sua perspicácia, ao apresentar sua produção, comenta que muitas pessoas ainda têm uma visão preconceituosa sobre a beleza da arte indígena, muitas vezes encaixando em um padrão dos tempos “das cavernas”, fazendo referência às pinturas pré-históricas como sendo de menor valia. 

“Há quem pense que todas as artes indígenas são como uma pintura rupestre, como os desenhos de cavernas”, conta. Sua turma fez releituras da obra intitulada “De onde surgem os sonhos”, do artista indígena contemporâneo Jaider Esbell. 

Já as alunas e alunos do 8° ano partiram de um trabalho multidisciplinar sobre a desigualdade de gênero nas artes para a composição de um estandarte, já que estudaram o assunto no início do ano. Individualmente, cada um pesquisou uma artista diferente durante a aula de Língua Portuguesa, e depois produziram estandartes com base no significado das obras dessas mulheres. 

“Durante meu trabalho, descobri não apenas sobre a mulher que estudei, mas também aprendi muito sobre diversas outras mulheres que fizeram contribuições extremamente importantes, mas que, na maioria das vezes, são negligenciadas nos livros de história. Muitas vezes, seus nomes são substituídos pelos nomes de seus maridos ou pais”, relata Estela, do 8° ano.

Júlia Wayland, também do 8° ano, conta que se surpreendeu ao saber mais sobre as histórias das artistas por trás das obras. “Achei o estudo interessante porque nos deu a oportunidade de descobrir mais sobre as mulheres nas artes, que geralmente não recebem tanto reconhecimento. Foi uma chance de conhecermos suas histórias, compreendermos as dificuldades que enfrentaram e percebermos que muitas delas permaneceram nas sombras”, compartilha. 

Para a professora de artes, Darliany, este Vernissage foi “um trabalho coletivo de muitos que chegaram junto e não desistiram. Alunos e professores que aprenderam formas novas de fazer arte”, comenta. Para a professora, o planejamento e o trabalho em equipe fizeram toda a diferença. Resultado disto foram as lindas apresentações do Núcleo de Interesse de Teatro de Animação, com uma pantomima multimidiática e o incrível coral das turmas do Fundamental 1, que maravilhou a todos com os cantos indígenas em tupi-guarani. 

“Os alunos tiveram contato com uma língua muito diferente, apesar de os indígenas serem tão próximos, certas palavras nativas causam uma estranheza. Criar o coral com alunos do meio urbanizado fez entender que existem diferentes culturas e que devemos valorizar”, expõe Leandro, professor de música.

Mais literatura indígena para plataforma Árvore

Nesta imersão no estudo da arte dos povos originários, muitos livros da literatura indígena foram explorados em sala de aula. Nossa diretora, Priscila Griner, conta que ao analisar a lista de livros da plataforma Árvore, foram notados poucos exemplares de autores indígenas na literatura. 

“Enviamos uma sugestão para a plataforma com base nos livros que trabalhamos aqui na Casa Escola e o pessoal da Árvore se disponibilizou a acrescentar quase que imediatamente outros. Ficamos felizes em, além de desenvolver essa descoberta literária em nossa escola, ampliar o conhecimento para outras instituições”, celebra. 

Caso você também queira descobrir mais deste universo literário indígena, seguem alguns dos títulos estudados pelas nossas turmas:

  • O sopro da vida, do autor Kamuu Dan Wapichana;
  • As serpentes que roubaram a noite, do autor Daniel Munduruku;
  • O Tupi que você fala, do autor Cláudio Fragata ;
  • O fim da fila, do autor Marcelo Pimentel (não é autor indígena, mas merece ser ressaltado pelo grau de brasilidade encontrado em sua obra premiadíssima).

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